A Igreja Potiguar na segunda metade do século XX passa por uma
experiência sui generis que modifica todo o pensamento católico. Tal mudança
estava alinhada com as ideias progressistas da Santa Sé como um todo no plano
internacional. A produção historiográfica que estuda a Igreja desse momento
histórico afirma que durante o período há a consolidação e amadurecimento da
Igreja Popular. Neste recorte temporal a Igreja Brasileira é apontada como a
mais progressista. Graças as experiências acumuladas no período anterior há uma
ação mais assertiva e delimitada em relação à política. O constante embate
interno entre reformistas, progressistas e conservadores no seio da Igreja que
marcou as décadas de 1950 e 1960 dá lugar a uma harmonia de forças entre os
grupos que compõem a instituição religiosa. Há também um combate explicito
entre o Regime Militar e Igreja que ocorreu no período de 1964-1972. A pressão de Roma e do Conselho Episcopal
Latino-Americano (CELAM) faz com que um conjunto de teólogos brasileiros
delimitem melhor a relação da Igreja com a Política A conclusão teológica
daquele momento histórico era apoiada na Doutrina Social da Igreja, que
afirmava que o papel da Igreja na Política era promover a Educação Política das
massas, ou seja, deveria encorajar a mudança e a participação popular sem
assumir o controle do processo. À medida que ocorria a abertura política e
instituições democráticas (Ordem dos Advogados do Brasil, Associação da
Impressa do Brasil e etc) se fortaleciam, dando uma polifonia contra a
Ditadura, a Igreja se envolvia menos diretamente na política, fortalecendo a
sociedade civil.
É nesse contexto sócio históricos que Natal vira protagonista com o Movimento de Natal (1943-1964) que é a
primeira iniciativa da igreja no enfrentamento prático as desigualdade
socais; as experiência das Irmãs Vigárias (1964), primeira vez na
história do catolicismo que mulheres assumem a gestão de paróquias; a Campanha da Fraternidade (1965); o Programa
de Educação Política (1972-1988), que tenta construir uma nova cultura política
no Rio Grande do Norte entre tantas outras iniciativas. Todo esse rico processo
deu origem a um belo acervo que foram se acumulando ao longo do tempo sem serem
organizados.
O Arquivo Metropolitano da Arquidiocese de Natal conta com um rico e
vasto acervo documental sobre ação da Arquidiocese de Natal no auxílio a
comunidades carentes. A documentação abrange as atividades administrativas,
pastorais e eclesiásticas com recorte temporal que vai de 1889 até 2010, livros
de registro dos séculos 17 -19, e a coleção dos periódicos do Jornal “A Ordem”
e “L'Observatorie Romano” das décadas de 1930-1960. São documentos de diversas tipologias e que
registram a atuação da Igreja, numa média de 350 mil documentos, distribuídos
em 628 caixas-arquivos.
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No período de 2014-2016 a equipe fez a ordenação e classificação dos documentos |
O
espaço físico do AMAN é composto de sala de consulta, sala suja (área de
limpeza documental) e o arquivo em si.
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No período de 2016-2017 a equipe deu início a elaboração dos instrumentos de pesquisa
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No período de 2016-2017 a equipe deu início a elaboração dos instrumentos de pesquisa |
Os desafios da Gestão Documental no
Arquivo Metropolitano da Arquidiocese de Natal são muitos, a começar pela falta
de Recursos Humanos para dá conta da extensão do acervo e concluir o trabalho
de organização. Outra questão é a dificuldade de integração dos setores da
Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Natal, tendo em vista que eles trabalham
de forma hierárquica porém independentes. Há ainda uma dificuldade de implantação
de um política interna de valorização do AMAN, que ainda é visto com um local a
parte da instituição. Outro obstáculo é atrair público para consultar o acervo,
algo que ajuda a dá visibilidade e a valorizar o setor. Existe também por parte
de alguns membros da Igreja de verem o trabalho realizado no AMAN enquanto uma
pastoral.
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Já contamos com um catalogo do jornal "A Ordem"
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E com um catalogo do acervo documental |
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